Lizmedeiros: Arte para todas as idades

Lizmedeiros se descobriu artista ainda criança, ao ganhar de presente do padrinho a primeira caixa de lápis de cor. Na juventude, diante da (in)decisão relativa à carreira que seguiria, mesmo obtendo êxito no vestibular para Odontologia na Universidade Federal do Piauí, escolheu as artes plásticas enquanto profissão. Durante  a trajetória artística, Liz aprendeu diversas técnicas e abordou distintas temáticas, mas nunca se distanciou do universo infantil.

Para ela, cada obra realizada traduzia a expressão da paixão pelo era, pelo que respeitava e pelo que amava. Ilustrando livros infantis, fazendo pintura de tecido em vestidinhos, representando em telas o universo materno, o universo familiar, o universo lúdico das brincadeiras, palhaços e livros, ou abrindo seu carrinho de picolé literário nas praças de Teresina, Liz mostrava, além de seu forte instinto maternal,  a criança que estava viva dentro de sua alma.

A Trajetória Artística de Liz 

Liz Medeiros

Elisabeth da Silva Medeiros nasceu em Teresina – PI em 29 de janeiro de 1958. Estudou Belas Artes no Rio de Janeiro, onde foi aluna de renomados professores a exemplo de Aluísio Carvão, Thereza Miranda e Dionísio del Santo, formou-se em 1985, sendo escolhida no mesmo ano artista revelação no Museu de Arte Moderna (MAM).

Ilustrou livros infantis, obtendo em 1992, com o livro “O Tatu Garimpeiro” o Prêmio Jabuti na categoria Produção Editorial Melhor Obra em Coleção.

Participou de diversas mostras e exposições em diversos estados do Brasil e na Argentina. Dentre essas destacam-se: ” Pau, Pedra, Fibra e Metal” – Gravura Rio 1984 – Escola de Artes Visuais do Parque Laje – Rio de Janeiro (RJ); “VIII Salão de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes” – 1985 – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ);  ” Do Rio de Janeiro a La Ciudad de la Plata – Coletiva de Gravuras” – 1985 – Instituto de  Educação Cooperativa – La Plata – Argentina;  “XLII Salão Paranaense” – Museu de Arte Contemporânea -1985 – Curitiba – PR; “XVII Salão Nacional de Arte” – 1985 – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – MG; “Liz Medeiros – Serigrafias” – 1985 – Mostra Individual – Instituto Cultural Brasil Argentina; Coletiva de Instalações sob curadoria de Mary Dietrischel –  Instalação: “Mátria” – Parque Ecológico Monsenhor Emílio José  Salim – Campinas – SP; “Um Olhar Feminino” – 2002 -Exposição Coletiva de Artes Plásticas FUNDEC – Centro Cultural Clube dos Diários.

Quadros, Roupas, Livros,Técnica e Sentimento

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Técnicas diversas podem ser encontradas nas obras de Lizmedeiros. Em seus primeiros estudos utiliza materiais a exemplo de carvão, nanquim, lápis e óleo. Trabalha gravuras cheias de detalhes, seguindo sua mestre Thereza Miranda e aprende serigrafia com o professor Dionísio del Santo. Dessa fase destaca-se a série “Pássaros”, onde desenvolve uma técnica de sobreposição de cores que faz as telas confundirem-se com monotipias e com a qual é reconhecida na Escola de Belas Artes e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Durante o início da década de 1990, Liz dedica-se à ilustrar livros infantis, dentre eles “Tatu Garimpeiro”, “Livro dos Meses”, “Rei da Rua”, “Poesia a Gente Inventa”, “O Sapo que Engolia Ilusões”, “Minha mão”, “O Causo do Gato Preto”. Nesse período cria diversas peças em tecido – vestidos, blusas, gravatas, aventais, sapatilhas – com as quais presenteia amigos e familiares.

Utilizando técnicas mistas compõe a instalação “Mátria”, uma releitura da bandeira do brasil , que a mescla com símbolos infantis. A reunião de formas diversas de arte torna-se ainda mais forte nas últimas obras de Liz, grandes painéis e telas misturam aquarela, óleo, lápis de cor, nanquim, carvão, a textos. Liz justifica ” Não que a expressão plástica seja insatisfatória, mas tenho necessidade de contar algumas histórias e não consigo só com traços e pinceladas”.

Nos últimos quadros aparecem temas fortemente ligados à família, principalmente à maternidade, ao universo infantil, ao universo religioso e à literatura. Bonecos, palhaços, quadros textuais, imagens de santos e orações tornam-se elementos comuns na obra de Lizmedeiros.

No final de sua vida a artista dedicou-se ao projeto Picoler, que levava aos mais diversos lugares da cidade carrinhos de picolé cheios de livros e incentivava as crianças a adentrarem ao mundo da literatura. Liz  falece em 2003, vítima de derrame cerebral.

As Faces de Liz Medeiros

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Em comemoração aos 55 anos do nascimento e em memória aos 10 anos de morte da artista, o Instituto Lizmedeiros promove a exposição “Faces de Lizmedeiros”, na Casa da Cultura de Teresina.

Em um ambiente bastante aconchegante, com um fundo musical suave embalado por clássicos da MPB, a mostra, organizada por Gabriel Arcanjo e Marina Medeiros reúne cerca de 140 obras e divide-se em três espaços.

“A Origem”, localizada no salão térreo da Casa, apresenta os primeiros quadros e serigrafias de Liz. Na escadaria da Galeria de Arte e em uma sala anexa ao térreo encontra-se “Mátria” formada pelo espaço infantil, que conta com um carrinho do Picoler, o painel Mátria e uma instalação semelhante a que foi apresentada pela artista em uma exposição em Campinas – SP, que consiste em uma bandeira do Brasil em que as crianças colam pequenos brinquedos e pela exposição de peças de roupa e móveis pintados por Lizmedeiros. “Diversidade” é a terceira parte da mostra que apresenta os últimos quadros da artista.

A exposição Faces de Lizmedeiros ficará em cartaz até o dia 16 de agosto, a entrada é gratuita.

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